Chegamos em Paris pela manha. Desembarcamos na estação de trem, bem no centro da cidade. Nosso hotel era próximo da estação e o sol brilhava lá fora, amenizando o friozinho de final do inverno e início da primavera. Não tivemos duvida, pegamos o mapa e fomos seguindo as indicações a pé, de mochila nas costas, até o destino. Ao chegarmos no hotel, descobrimos que nosso quarto só nos seria entregue ao meio dia, assim sendo, teríamos que fazer o sacrifício de passear pelos arredores! Passeamos então pelo bairro de Montmartre, reduto dos boêmios e artistas da cidade, como Monet, Picasso, e Dali, que trabalharam e moraram por ali.
Não muito distante, no alto de uma colina, estava a basílica de Sacré Couer. Era um cenário de filme, literalmente, pois foi lá que uma das cenas mais legais do filme O Fabuloso Destino de Amelie Poulin foi gravada. O lindo carrossel aos pés da colina, foi o toque que faltava para completar a paisagem digna de filmes. Após uma volta pelos antigos bares e cafés da região e de dizer alguns nãos aos insistentes artistas de rua que queriam a qualquer custo nos eternizar em lindas – e algumas, digamos, exóticas - pinturas, retornamos ao hotel para deixar as mochilas que já começavam a pesar nas costas.
Passamos a tarde caminhando pela cidade em busca dos maravilhosos pontos turísticos em que todos sonham conhecer quando vão a Paris. Primeiramente, fomos de metrô até o Arco do Triunfo. Esse monumento é realmente imponente, e transmite toda a personalidade megalomaníaca do baixinho Napoleão. De lá, seguimos pela Champs Elyseés, até o museu do Louvre. Que linda avenida, essa Champs! Arvores ainda desfolhadas pelo inverno rigoroso, banquinhos para descanso na calçada, as mais tentadoras brasseries e boulangeries, lojas de grifes famosas e muita gente na rua, tudo isso você verá ao passar por lá.
Enfim chegamos ao Louvre. Após passar por um lindo parque, lá estava a pirâmide de vidro, da qual entraríamos para o museu. Não foi dessa vez que entramos, pois já era final de tarde, e não teríamos tempo de visitar calmamente o reduto de tantas obras importantes. Neste momento, algo curioso e memorável aconteceu. De um lado do museu, o céu era limpo e o sol ainda brilhava, de outro, uma nuvem cinza, quase preta, enorme, se aproximava. E após um minuto de distração entre uma foto e outra, notamos um lindo arco-íris que cruzava o lado da nuvem escura, e coloria o céu naquele momento. Foi mágico! Dali, partimos em busca da famosa Torre Eiffel. O sol se preparava para o seu poente, e queríamos vê-la ainda com a luz do dia.
A distância entre o Louvre e a Torre Eiffel era consideravelmente grande. Mas não quisemos pegar metrô ou ônibus, pois queríamos continuar explorando as belezas da cidade a pé. Então começamos a nos dirigir para lá, cruzamos o rio Senna e fomos andando pela sua margem, sempre de olho na pontinha da torre que conseguíamos avistar e nos guiava o caminho. Tudo era tão encantador! Passamos por vários prédios lindos e históricos, inclusive pelo Museu D’ Orssay, mas naquele momento só conseguíamos pensar na Torre. Seria a concretização máxima de que realmente estaríamos em Paris. Os restaurantes começavam a se preparar para servir o jantar, e as lojas se fechavam. Vimos que não tínhamos muito tempo até o anoitecer, e fomos andando em passos cada vez mais velozes. Resolvemos entrar em uma ruazinha para cortar caminho, e quando percebemos, não avistávamos mais a ponta da Torre. Fomos de uma rua para outra, e nada. Não tinha mais sol, e o azul do céu começava a escurecer.
A noite se aproximava de fato, e nós, perdidos, tão perto e tão longe de nosso objetivo. Estávamos tão tensos que nem conseguíamos mais conversar, apenas andávamos de um lado para o outro, procurando. E foi aí que a cidade luz nos surpreendeu mais uma vez, e, se o momento do arco-íris foi mágico, esse outro se tornou inesquecível. Ao virarmos em uma ruazinha residencial, com vários carros estacionados no meio fio, já sem esperança, veio a grande surpresa: no final da rua, lá ela estava: linda, estonteante e iluminada, nos chamando para apreciá-la! Ela tinha uma luz amarela e com vários pontos de luz branca, que piscavam sem parar, como se fossem estrelas. Parecia que ela nos dizia: - acalmem-se, e acreditem, vocês estão mesmo em Paris! Daquele ponto onde estávamos, era possível vê-la da ponta até quase sua base. O céu, com seu azul ainda um pouco claro, e nenhuma nuvem ao redor, fez parecer que estávamos sonhando.
E foi assim, perplexos e sem palavras, que ficamos por alguns minutos registrando aquele momento para sempre em nossas memórias.
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